Nesse terceiro e magnífico
livro que compõe a tetralogia O Reino, Gonçalo nos revela a loucura e a
capacidade que os loucos têm para amar e o que eles também são capazes de fazer
por amor. Neste romance onde a razão, loucura, tortura e afeto orientam os
impulsos de homens e mulheres ocupados em compreender e lidar com os limites da
sanidade.
Theodor Busbeck é um médico respeitado que se apaixonou e casou com a
jovem Mylia dona de uma beleza “violenta” e que acredita que tem a capacidade
de ver a alma. Busbeck desenvolve um estudo minucioso sobre o horror na
história. Quer descobrir se a violência está aumentando ou diminuindo, e
pretende traçar um gráfico para prever novos massacres. Gomperz Rulrich,
diretor do hospício, trata seus pacientes de maneira científica. Rigidamente
vigiados, eles vivem num universo concentracionário que tem por objetivo
eliminar os mistérios do cotidiano. Hinnerk
carrega olheiras profundas e aterroriza as crianças do bairro. Kaas é
um garoto de pernas frágeis e dicção fraturada. Ernst passou anos internado, e
agora está perturbado com a própria liberdade.
Acossados por um perigo sem nome, os personagens de Jerusalém sentem na pele a iminência de um acontecimento avassalador – que pode ocorrer no plano pessoal ou histórico. A memória do holocausto deita uma sombra sobre essas existências dilaceradas. E a estabilidade emocional de todos está por um fio. Esses e outros personagens compõem essa obra intrigante, onde Gonçalo mostra como a dominação é forma recorrente de relacionamento entre os homens. Esse foi um dos melhores livros que eu li da tetralogia O Reino, senão o melhor!
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